Uma volta pelo Centro de Osasco:espaço exíguo com problemas de sobra

O Centro de Osasco é um depósito de contradições: numa área de apenas 2 km², onde circulam 350 mil pessoas por dia e funciona o segundo maior comércio de rua do Estado de São Paulo, perdendo somente para a 25 de Março, não há sequer um banheiro público, nenhum ponto de água potável, zero lixeiras para descarte de recicláveis, muitas calçadas intransitáveis, ausência de ciclofaixa e pouquíssimas faixas e semáforos para pedestres.

21 mar 2024, 12:13 Tempo de leitura: 3 minutos, 48 segundos
Uma volta pelo Centro de Osasco:espaço exíguo com problemas de sobra

por Paula Veneroso

Com mais de 500 lojas e uma centena de ambulantes, o Centro é hostil para os trabalhadores, que só conseguem usar o banheiro durante o horário de funcionamento do shopping Osasco Plaza. À incerteza da rotina dos ambulantes se soma a precariedade do Calçadão, onde a instalação de banheiros públicos com chuveiro atenderia não somente os trabalhadores, mas também a população em situação de rua. Recentemente coberto, quando chove ele se transforma num rio de forte correnteza e, assim como em várias ruas do centro, o esgoto sobe, se mistura à enxurrada e os trabalhadores e pedestres ficam à mercê de doenças e infecções. O Centro da cidade precisa urgentemente de um programa de prevenção e controle de enchentes, já que a situação se repete e se agrava ano a ano.

Para além do Calçadão, os pedestres não têm vez no centro: pelas calçadas estreitas e esburacadas, se deparam com sacos de lixo, iluminação inadequada e insegurança para atravessar as vias. A Estação CPTM de Osasco, por onde circulam 80 mil pessoas por dia, dispõe de um bicicletário, mas no entorno não há um metro sequer de ciclofaixa. Como os ciclistas chegam ao trem sem se acidentar é uma incógnita, já que as ruas são estreitas e a circulação de carros e ônibus é intensa.

E por falar em trem, a ferrovia que divide o centro da cidade escancara a triste realidade: de um lado, a parte degradada, que inclui a decadente rodoviária, as ruas escuras e perigosas do bairro do Bonfim, onde fica uma ETEC, e o esqueleto do que seria a nova sede administrativa do município, mas que foi abandonada; e, de outro, a parte “nobre”, cuja revitalização caminha a passos de tartaruga e que inclui o mercado municipal, uma imitação da Galeria Pagé, a estação de trem, o terminal de ônibus e o comércio do Calçadão e adjacências.

É na parte “nobre” que as construtoras amigas do governo Lins vêm investindo: onde era a fábrica da Cobrasma, foram erguidos dois condomínios residenciais, levando para uma área antes industrial mais de 3 mil pessoas; onde eram as Lojas Americanas será construído outro condomínio. A “dinamização urbana” que vem ocorrendo no centro de Osasco é, na verdade, uma ação nefasta escondida por trás de um nome bonito, pois se trata de um processo de gentrificação, que visa elevar o valor do metro quadrado, tornando impraticável a moradia para a maioria da população, que cada vez mais é jogada para as periferias longínquas, onde consegue pagar o aluguel.

No entanto, o investimento em moradias pequenas e caríssimas no centro de Osasco não ocorre em paridade com o investimento em equipamentos públicos: até hoje o centro não tem nenhuma UBS, nenhuma creche e nenhuma escola infantil.

Debaixo do viaduto Dona Ignês Colino, a cidade expõe suas mazelas. Junto ao poluído córrego Bussocaba, pessoas em situação de rua, dependentes químicos e famílias em extrema vulnerabilidade se abrigam em meio a entulhos de obras e outros materiais descartados irregularmente. Não seria ali um ótimo local para a instalação de um ecoponto? Em relação ao aumento de moradores em situação de rua, não seria o caso de instalar nas proximidades uma casa de passagem ou mesmo de aumentar o número de vagas da casa de acolhimento da região? Uma casa de passagem conseguiria garantir o mínimo de dignidade à população vulnerável, oferecendo banhos, alimentação e locais para repouso ou atividades.

Terminando esse “passeio” pelo Centro de Osasco, a mandata AtivOz protocolou indicações de execução de serviços para todos os problemas relatados acima:

  • Instalação de ecoponto embaixo do viaduto Dona Ignês Colino;
  • Programa de prevenção a enchentes no Calçadão e entorno;
  • Regulamentação de estacionamento na rua Luís Eulálio de Bueno Vidigal;
  • Instalação de equipamentos públicos (Creche, Emei e UBS) diante do aumento de moradores nos novos empreendimentos;
  • Ampliação de vagas da casa de acolhimento ou instalação de uma casa de passagem;
  • Instalação de ciclofaixa ligando a Estação CPTM de Osasco à Estação Km 18;
  • Instalação de banheiros públicos (com chuveiros) para trabalhadores ambulantes e moradores em situação de rua.