TÁ NA HORA DO PSOL DISPUTAR A CIDADE

TESE 2 MUNICIPAL DO PSOL OSASCO

18 ago 2023, 14:53 Tempo de leitura: 6 minutos, 12 segundos
TÁ NA HORA DO PSOL DISPUTAR A CIDADE

1. Neste congresso, precisamos responder a 3 perguntas:

  1. Por que o PSOL não tem reuniões e espaços regulares de debate mesmo tendo muitos militantes na cidade? 
  1. Por que o PSOL não tem sede própria mesmo tendo recursos mais do que suficientes em caixa?
  1.  Por que o diretório do PSOL não está inserido nas principais lutas da cidade mesmo o nosso partido tendo tantos simpatizantes e militantes em diversos espaços de luta? 

2. Não há apenas uma resposta para essas perguntas, mas é inegável que entender as dificuldades do partido passa por reconhecer que a tendência interna majoritária no diretório não foi capaz de organizar uma direção funcional para o diretório de Osasco. Não acreditamos que seja o caso de apontar o dedo para indivíduos, e é preciso tomar cuidado para não desrespeitar qualquer trajetória de luta, no entanto precisamos ser assertivos para afirmar que o PSOL precisa de uma nova direção na cidade.

3. Osasco é uma cidade que cresce alicerçada nos interesses do Capital. A especulação imobiliária destrói áreas verdes, enche a cidade de carros e expulsa os pobres. A GCM concorre com a PM paulista para ver quem representa maior risco para a juventude da periferia. A expulsão de dois conselheiros da saúde ligados aos movimentos sociais é a demonstração da forma truculenta com que a gestão Lins lida com os movimentos sociais, e isso acontece enquanto o Ministério Público de Contas investiga corrupção na contratação de médicos. O abandono do Museu, da Biblioteca e dos Teatros indica bem como a Educação e a Cultura são tratadas na cidade.

4. O movimento AtivOz tem orgulho de, durante esses últimos anos, ter sido com a Juliana da AtivOz a única voz de oposição no parlamento, denunciando os absurdos da gestão Lins e apoiando os movimentos sociais. E tudo isso foi feito levando o nome do PSOL, defendendo o partido em muitas ocasiões contra a direita na Câmara. Aprovamos duas leis importantes, uma que leva o nome da nossa companheira Marielle Franco e visa combater a violência política de gênero e outra que coloca no calendário oficial da cidade o combate à LGBTfobia. 

5. A AtivOz não atuou somente no parlamento, nas eleições fizemos forte campanha por candidatos do PSOL nas proporcionais e por Lula e Haddad na presidência e no governo do Estado. No segundo turno, fomos uma das poucas forças políticas que se manteve todos os dias nas ruas, alguns dias com presença mais forte do que o próprio diretório do PT. 

Durante a pandemia, enquanto usamos o legislativo para pressionar o governo nas medidas de distanciamento e por leitos suficientes, acionamos o MP para denunciar os vereadores da cloroquina e distribuímos milhares de máscaras no calçadão e nos terminais. O movimento AtivOz, por meio do Higor, liderou a reativação da parada LGBT+ na cidade, e, com o Emancipa, impulsionamos o cursinho Dandara dos Palmares na Zona Sul e, com o apoio da TLS, abrimos o Zequinha Barreto na Zona Norte.

6. É incompreensível que o diretório do PSOL em Osasco tenha participado tão pouco das iniciativas do mandato; mesmo que virtualmente, o instagram oficial do PSOL Osasco fez apenas 5 postagens durante os 3 últimos anos de mandato. Foram raras as participações de membros do diretório em qualquer campanha impulsionada pelo mandato, mas mesmo nesse caso não foram participações precedidas de qualquer discussão em órgão oficial do partido.

7. Antes de mais nada, é importante reafirmar que o movimento AtivOz faz parte daqueles que estão empolgados com a candidatura do Boulos a prefeito de São Paulo. A vitória do Boulos em São Paulo, com um consequente programa de esquerda, seria excelente não apenas para os trabalhadores e a juventude da capital, mas também traria ótimos ventos para a região metropolitana. 

Entretanto, nos preocupa o risco de a nossa cidade ser usada como uma simples peça na negociação com o PT estadual – cumpre lembrar que o acordo com o PT era retirar a candidatura própria ao governo e apoiar Haddad. Nesse sentido, a direção do PSOL deve brigar pelo cumprimento do acordo conforme estabelecido, respeitando a consolidação do PSOL nas cidades da região metropolitana.

8. A federação PSOL-REDE obteve para deputado federal quase 12% em Osasco, a soma dos votos dos candidatos do PSOL e da REDE é maior do que da federação PT-PCdoB-PV, só perdendo para o PL. A federação possui 2 vereadores na cidade contra nenhum vereador da federação PT-PCdoB-PV. 

O PSOL sempre lançou candidatura à prefeitura, seria bizarro, justamente no seu momento eleitoralmente mais fortalecido, abrir mão de sua candidatura para apoiar um candidato do PT que não está firme, que teve uma gestão controversa do ponto de vista dos movimentos sociais e que viu parte dos petistas que trabalharam nos governos Emídio e Lapas continuarem na gestão Lins como se nada tivesse acontecido.

9. Caso os setores progressistas da cidade, partidários e dos movimentos sociais, aceitem abrir discussões sobre uma candidatura única e que essa candidatura não envolva nenhuma relação com partidos de direita, é razoável que o PSOL participe dessas discussões, mas nesse caso teria que ser assegurado um papel altivo do partido, que a candidatura seja coerente com as formulações do PSOL na cidade e que qualquer decisão seja referendada com consulta à base do partido por meio de prévias.

10. Osasco gosta de contar a sua história a partir dos imigrantes que vieram da Itália, Portugal, Armênia etc, mas se “esquece” das suas origens negras e nordestinas. Nas escolas de Samba, no teatro de vanguarda, na vila dos artistas, nos festivais de música, nos bailes dos anos 70, no Hip Hop dos anos 80 e 90, a cultura negra e a cultura nordestina foram fundamentais na formação da cidade, mas o racismo e a xenofobia apagaram grande parte dessa memória. 

11. Diante das recentes chacinas no Guarujá, no Rio de Janeiro e em cidades da Bahia não podemos esquecer que na terrível chacina de Osasco/Barueri de 2015 guardas municipais tiveram papel importante nas ações criminosas contra os jovens periféricos. Mesmo assim, o prefeito Rogério Lins insiste em treinar a GCM de Osasco com instrutores da ROTA e compra armamentos cada vez mais poderosos. Na Câmara de Osasco, as tentativas da Juliana da AtivOz de emendar o orçamento para enviar recursos para aquisição de câmeras corporais para os guardas foram derrotadas pela base do governo Lins.

12. O racismo e o elitismo do atual governo de Osasco se revelam ainda na política habitacional: ao mesmo tempo em que não param de surgir prédios voltados à classe média-alta nos bairros centrais, nos extremos norte e sul da cidade, dezenas de milhares de moradores de comunidades e áreas livres vivem em condições terríveis. A política habitacional do Lins é de tapete vermelho para especulação imobiliária e enriquecimento dos donos da Sindona, Dubai e Ekko e de olhos fechados para quem vive com medo da próxima chuva forte.