Nota da AtivOz a respeito da investigação de maus-tratos contra guardas municipais em Osasco

Interromper imediatamente o treinamento “tipo BOPE” e investigar as denúncias de abuso

13 dez 2021, 15:31 Tempo de leitura: 2 minutos, 58 segundos
Nota da AtivOz a respeito da investigação de maus-tratos contra guardas municipais em Osasco

“Vi vários colegas meus com marcas no corpo do choque que levaram. Todos [que participaram das aulas de distúrbios civis] levavam dois choques. Um choque coletivo e um individual. Segundo eles, para a gente sentir na pele o que a gente pratica no dia a dia”

Esse depoimento faz parte da denúncia da guarda Bárbara Kelly da Silva. Com 15 anos de atuação na GCM de Osasco também declarou que nunca havia sido tão humilhada.

Fome, privação de sono e humilhação para construir uma política de segurança que não funciona. A ideologia por trás dos maus-tratos.

A denúncia apresentada por guardas na Polícia Civil relata privação sistemática de sono, limitação de alimentação, prática de exercícios intensos e humilhação sistemática. A justificativa para isso quase sempre gira em torno de preparar a moral do guarda/policial para enfrentar a criminalidade, mas isso acaba criando uma visão distorcida sobre o crime e quem é o criminoso.

“O guarda ou o policial que aprende a ser humilhado e que tem os seus direitos humanos violados vai acabar reproduzindo a mesma lógica na rua. Já tivemos na nossa cidade denúncias sérias de violência da Guarda na periferia, recentemente duas pessoas perderam a visão em uma ação desastrada. A Guarda Municipal não pode ser treinada como se lidasse com insurgentes armados em uma guerra, o treinamento tem que formar profissionais que saibam lidar com todos os cidadãos com cortesia e sem violar nenhum direito. Espero que o prefeito Lins tome providência e suspenda esse tratamento absurdo contra os guardas” Opinou Karina Correia da AtivOz

Nota da AtivOz – Nenhum Trabalhador pode ser Desrespeitado.

Recebemos com muita preocupação a informação divulgada pela Folha de São Paulo do dia 13/12 a respeito de denúncia na Polícia Civil de maus-tratos e, possivelmente, tortura praticadas contra servidores públicos da Guarda Municipal de Osasco. Os guardas municipais denunciantes relatam terem sido submetidos a privação de sono, racionamento radical de alimentação, exercícios físicos extenuantes e agressões por choques elétricos. Gostaríamos primeiro de nos solidarizar com esses guardas, alguns deles com mais de uma década de serviços prestados na nossa cidade, como todo trabalhador não poderiam ter sido tratados dessa forma.

Nos preocupa também que a Guarda Municipal esteja se desviando cada vez mais da sua função de zelar pelo patrimônio da cidade e aumentar a sensação de segurança dos cidadãos de Osasco. O treinamento assim como o perfil oficial da Guarda nas redes sociais aponta cada vez mais para um perfil de enfrentamento ao crime organizado e de “preparo” para algum tipo de insurgência não definida. Seria um erro terrível continuar permitindo o crescimento de uma ideologia na Guarda que a afasta do seu papel constitucional e coloca os cidadãos e guardas em risco.

A prefeitura de Osasco, com o prefeito Rogério Lins à frente, precisa:

1. Ouvir com atenção as denúncias, investigando os maus-tratos apontados.
2. Suspender imediatamente os treinamentos com essas características
3. Estudar a dissolução da ROMU realocando os servidores mantendo os salários e benefícios.
4. Discutir com especialistas em segurança pública, direitos humanos, guardas e cidadãos o papel da GCM em um modelo de segurança pública aliado das pessoas, eficiente em sua função e respeitador dos direitos de todos.