Moro filia-se ao partido do prefeito Rogério Lins. Qual o impacto para Osasco?
Juiz que prometeu derrotar as máfias acabou virando aliado do governo miliciano
10 nov 2021, 16:46 Tempo de leitura: 2 minutos, 56 segundos“Jamais, Jamais! Sou um homem de Justiça, não sou um homem da política. Não existe jamais esse risco” Era dessa forma que Sérgio Moro reagia quando jornalistas lhe perguntavam se entraria na política, mas o todo poderoso juiz da vara federal de Curitiba acaba de se filiar ao Podemos com a audiência de dois vereadores de Osasco (Elsa Oliveira e Carmônio Bastos) e do prefeito, Rogério Lins.
Não há dúvidas sobre o imenso mal que a corrupção pública e privada fazem ao Brasil, a indignação popular contra os cartéis em diversos setores econômicos e os políticos vigaristas alimentados por eles é mais do que justa. Nesse país profundamente corrompido não era difícil que cada operação da Polícia Federal, revelação das engrenagens do sistema corrupto e vazamento de evidências fortalecesse mais e mais a imagem da Operação Lava Jato e seus heróis juiz Sérgio Moro, procurador Deltan Dallagnol e demais membros do Ministério Público.
Infelizmente a operação Lava Jato após início em que foi capaz de trazer a luz do sol parte significativa dos crimes do colarinho branco que aconteciam nos subterrâneos de parte das maiores empresas privadas e estatais brasileiras como a Odebrecht, Camargo Corrêa e Petrobrás, não apenas foi incapaz de produzir mudanças estruturais como enveredou para uma atuação política que colocou a democracia brasileira em risco.
O ex-juiz Sérgio Moro, que surgiu prometendo o “Mãos Limpas” brasileiro, por incompetência ou coisa pior acabou desperdiçando enormes quantias de dinheiro público em decisões ineptas e ilegais e, pior, desmoralizou a luta contra a corrupção e virou esteio do autoritarismo miliciano ao aceitar o Ministério da Justiça do Governo Bolsonaro. Ele, Deltan e outros tantos membros do poder judiciário e ministério público revelaram não entender a complexidade das relações corruptas de um país como Brasil e se tornaram cúmplices do fascismo bolsonarista.
Como presidenciável Moro mistura ideias ruins sobre Segurança Pública e Justiça com nenhuma ideia sobre os grandes problemas do Brasil. Ninguém sabe o que pensa sobre Saúde, Educação e Desigualdade Social. E nesse projeto presidencial imaturo, as lideranças de Osasco como os vereadores do Podemos e o prefeito Lins podem acabar cumprindo papel relevante já que o novo partido do ex-juiz, débil em quase todo o Brasil, tem robustez na nossa cidade.
Rogério Lins no Palanque do Moro?
Rogério Lins tem trajetória diversa a de Moro. É político construído nos bairros e nas políticas miúdas locais. Evita os grandes debates do Brasil, mas não teve postura negacionista na pandemia nem se filiou à direita histriônica que tanto sucesso fez nos últimos anos. Lins, inclusive, chegou a ser preso em uma decisão controversa da justiça (talvez inspirada pela onda lavajatista).
Se especula na cidade a possibilidade de Rogério Lins concorrer ao cargo de senador ou governador, mas mesmo que isso não se confirme o prefeito de Osasco será cabo eleitoral de grande relevância na disputa eleitoral de 2022. Seria terrível para nossa cidade que utilizasse sua popularidade para fortalecer a candidatura de um personagem que teve papel tão nefasto para o Brasil nos últimos anos.
Opinião – Rafael Borguin