Marcha da FNL unifica luta do campo e da cidade e reúne ativistas da reforma agrária e do movimento estudantil

Entrevista com Victor Luccas. Militante do Juntos e da AtivOz, marchou junto com a FNL na luta por reforma agrária e urbana.

17 nov 2021, 15:57 Tempo de leitura: 3 minutos, 48 segundos
Marcha da FNL unifica luta do campo e da cidade e reúne ativistas da reforma agrária e do movimento estudantil

Boletim AtivOz – Sendo jovem militante do movimento estudantil como foi marchar junto com dirigentes históricos dirigentes da luta por reforma agrária no Brasil? Chegou a ter contato com José Rainha, Diolinda e Claudemir?

Victor Luccas – A luta por Reforma Agrária que milhares de trabalhadores rurais e camponeses já travaram no Brasil encontra, evidentemente, resistência do latifúndio e da elite brasileira. No Governo Bolsonaro a situação se torna ainda mais difícil com o benefícios a grileiros, ampla liberação de agrotóxicos e de armas para os latifundiários. Ao longo de 2021, o povo brasileiro retomou as ruas para demonstrar sua completa revolta com Bolsonaro e seu governo genocida, corrupto e que criou uma crise econômica catastrófica no país, preços em disparada devido a inflação acompanhado de recordes de desemprego. Nas manifestações pelo Impeachment de Bolsonaro nas quais estive presente com o movimento estudantil, a Frente Nacional de Luta esteve nas trincheiras dos atos lado a lado do Movimento Juntos! A Marcha da FNL foi uma continuação desse calendário de lutas contra Bolsonaro, seguindo em mobilização permanente para derrubar o genocida do poder.

Na marcha tive a oportunidade de conhecer muitos dos coordenadores da FNL que dedicam seu tempo, esforço e trabalho ao movimento social. Em particular, conheci dirigentes como José Rainha, Diolinda e Claudemir que há anos ocupam terras públicas reivindicando que sejam destinadas para reforma agrária. Nos 5 dias de marcha pudemos conversar pessoalmente e tive a honra de ouvir suas histórias de enfrentamento ao latifúndio, à polícia, seus dias presos injustamente pela sua atuação no movimento social e também de suas conquistas. A certeza da qual sai dali é de que só a luta muda a vida!

B. AtivOz – A FNL em seus textos se propõem também a lutar por moradia, educação e direitos sociais. Isso, talvez, facilite sínteses com a luta do movimento sindical, estudantil e outros mais afeitos a cidade. Não?

ViLu – A FNL é a Frente Nacional de Luta Campo e Cidade, pretende integrar a luta do campo com a da cidade, afinal como dizem “se o campo não planta, a cidade não janta”. A Marcha da FNL defendeu a Reforma Agrária, mas também foi uma Marcha pelo Fora Bolsonaro e em defesa das pautas de cada movimento social que ali esteve erguendo suas bandeiras. O Movimento Estudantil conectado às reivindicações pela Educação e também conectado com a juventude da FNL. Além disso, ameaçado de ser demolido, o prédio do Sindicato dos Metroviários abrigou a atividade final em solidariedade ao Zé Rainha (ameaçado de ser preso) no domingo, representando justamente essa unidade nas lutas. Afinal, apesar de sintomas e características diferentes de nossas dificuldades, elas possuem a mesma origem no Capital.

B. AtivOz – É verdade que a USP proibiu a entrada da marcha no campus? Parece uma visão conservadora dos movimentos sociais um pouco distante do que esperaríamos da direção de uma universidade pública de tanta tradição.

ViLu – Inicialmente, o planejamento era encerrar a Marcha da FNL na USP ao chegar em São Paulo e realizar uma grande aula pública sobre Trabalho, Terra e Moradia. No entanto, os ofícios enviados pelo Juntos! foram ignorados pela reitoria, prefeitura do campus e institutos. Além de que o Reitor da USP, Vahan Agopyan, negou diretamente a entrada da FNL na universidade em reunião com o Deputado Estadual do PSOL Raul Marcelo, que esteve dando apoio jurídico ao movimento social.

Em 2020 a USP sediou o Boat Show, um evento milionário de barcos na raia da USP. Indignados com a situação que viviam e a desigualdade social que esse evento revelava, moradores do Conjunto Residencial da USP manifestaram por melhorias na moradia e foram reprimidos pela Polícia Militar dentro do campus. Agora, a universidade fecha suas portas ao movimento social e revela o projeto levado adiante desde Rodas, Zago, agora por Vahan e representado pelo candidato Antonio Hernandes para a reitoria da USP. Um projeto de universidade que constrói muros para a sociedade civil, se isola do mundo ao seu redor, reprime estudantes e trabalha para construir barreiras em vez de pontes. Esse não deveria ser o papel de uma universidade pública, por isso a importância do Movimento Estudantil lutar para popularizar e democratizar as universidades, e assim o faremos!