A cidade de Osasco é um sucesso nas redes sociais, mas os filtros no Instagram do prefeito escondem graves problemas atuais e ameaças futuras.
A cidade de Osasco é um sucesso nas redes sociais, mas os filtros no Instagram do prefeito escondem graves problemas atuais e ameaças futuras.
Sâmia Bomfim
PSOL Deputada Federal por São Paulo
Juliana da Ativoz
PSOL Vereadora de Osasco da Mandata Coletiva AtivOz
Monica Seixas
PSOL Deputada Estadual de São Paulo do Movimento PRETAS
Higor, pré-candidato a prefeito
Não é aceitável que os residentes de Osasco se conformem com uma cidade onde o sistema de saúde expõe vidas a riscos em razão de esperas absurdas por exames e cirurgias. Além disso, é inadmissível que a biblioteca e o museu mais importantes tenham permanecido fechados ao longo de toda a gestão do prefeito Lins. Não podemos considerar normal o surgimento incessante de enormes edifícios direcionados à classe média enquanto milhares de habitantes vivem em condições precárias, em morros instáveis, em habitações improvisadas de madeira, sem saneamento, água ou quaisquer serviços básicos.
As mudanças climáticas não ameaçam apenas o futuro da nossa cidade, Osasco já é a cidade mais quente da região metropolitana, moramos em uma enorme ilha de calor – e mais prédios, asfaltos e retirada de áreas verdes estão vindo. Osasco tem menos de 20% da cobertura vegetal recomendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para as cidades.
É particularmente desafiador ser um jovem periférico na nossa cidade, há poucas opções de cultura, escolas que não são acolhedoras para todos e, se não bastasse o constante medo de encontrar a PM nas ruas, Lins também está transformando a Guarda Municipal e uma mini PM – repressão em vez de prevenção, viés racial contra os jovens negros e prática de bater/atirar e depois perguntar. Transformar a GCM em uma polícia repressora e fazer papel machão contra pessoas reivindicando moradia é parte da estratégia do prefeito Lins de tentar capturar o bolsonarismo sem se associar tanto a Bolsonaro. Lins também avançou muito na normalização da agenda de alguns segmentos evangélicos reacionários nas questões públicas – criou a secretaria da família com um subordinado da terrível Damares e conseguiu que o executivo tenha papel central na marcha para jesus.
Com Lins incapaz de se reeleger, busca-se agora a ascensão de seu concunhado à prefeitura, que enfrentará novas dificuldades. A enorme arrecadação dos últimos anos, que foi toda baseada em trazer grandes empresas com redução de impostos, não vai mais funcionar, a reforma tributária liquidou essa política fiscal que prejudicava os mais pobres e beneficiava poucos milionários e bilionários. Gerson, por sua vez, não possui o mesmo carisma e história na cidade. Para se manter no poder, Lins alinha-se cada vez mais ao governador Tarcísio e às ideias reacionárias e neoliberais de Bolsonaro.
Diante deste cenário, acreditamos que o PSOL, muitas vezes a única voz de oposição na Câmara de Osasco e a mais presente nas ruas, deve apresentar uma candidatura capaz de interromper as crises atuais e preparar a cidade para os desafios do futuro. Higor, jovem periférico do Jardim Elvira e membro da comunidade LGBTQIA+, conhece a cidade e vive suas adversidades, tendo condições de liderar um projeto de mudança.
Para iniciar o debate com os movimentos sociais e forças políticas progressistas na cidade, apresentamos seis propostas como base da pré-campanha:
Centenas de cidades no Brasil já optaram pelo passe livre universal. Está na hora de Osasco oferecer a livre mobilidade com ônibus menos poluentes e adaptados para todos. Os anos de domínio da Urubupungá e da Viação Osasco precisam acabar! As empresas instaladas na cidade pagariam uma contribuição para a manutenção dos ônibus menor do que gastam com vale-transporte, e a população teria uma sobra de renda para gastar no comércio e serviços da cidade.
É preciso interromper a transformação da Guarda Municipal em polícia repressiva. É preciso suspender os convênios de treinamento com a ROTA, repensar o programa de treinamento da tropa e instituir a obrigatoriedade da câmara nos uniformes. A população e os guardas vão se beneficiar de uma GCM amiga da comunidade, valorizada pelo poder público e pronta para prestar diversos tipos de auxílio.
Estamos vivendo um momento difícil na Saúde de Osasco. As UBSs e os grandes equipamentos de referência como o Hospital Antonio Giglio e a Maternidade Amador Aguiar estão recebendo muitas e justas críticas. Está na hora de colocar a saúde como prioridade número 1 e, para isso, é importante que a gestão seja pública. É preciso ainda olhar para a rede de saúde mental, que é mínima e sucateada, notadamente nas periferias da cidade, onde não há nenhum equipamento.
Os anos escolares têm impacto imenso na vida e formação de cada indivíduo. A escola precisa estar preparada para compreender e enfrentar qualquer tipo de discriminação, bullying ou assédio, além de proporcionar acompanhamento da saúde mental dos alunos, com a efetiva contratação de profissionais capacitados para trabalhar com crianças com deficiências e neurodivergências.
Osasco é cada vez mais um mar de prédios e asfalto, são poucos e mal cuidados os parques, e a arborização urbana é mal planejada e insuficiente. Enchentes, calor extremo e os vários tipos de poluição diminuem a qualidade de vida e colocam a saúde em risco. O poder público e a sociedade precisam se mobilizar para construir um plano de combate aos efeitos da crise climática em Osasco.
É um absurdo que ainda não se tenha implementado um conselho LGBTQIA+ em Osasco para discutir políticas públicas e fortalecer o respeito às LGBTs na cidade. É sabido que existe um forte lobby de alguns grupos evangélicos conservadores contra a efetivação desse direito, e está mais do que na hora de enfrentar esses interesses.