Janeiro Branco em Osasco: não há saúde mental sem justiça social

Assim como recomendado para a saúde física, é preciso dar atenção à nossa saúde mental, pensando, inclusive, em cuidados preventivos. Completando dez anos em 2023, o movimento social Janeiro Branco surgiu por iniciativa de um grupo de psicólogos brasileiros com o objetivo de construir na população o hábito, a cultura de se falar cotidianamente de […]

31 jan 2023, 16:06 Tempo de leitura: 3 minutos, 28 segundos
Janeiro Branco em Osasco: não há saúde mental sem justiça social

Assim como recomendado para a saúde física, é preciso dar atenção à nossa saúde mental, pensando, inclusive, em cuidados preventivos. Completando dez anos em 2023, o movimento social Janeiro Branco surgiu por iniciativa de um grupo de psicólogos brasileiros com o objetivo de construir na população o hábito, a cultura de se falar cotidianamente de Saúde Mental, e não apenas quando surge algum problema.

Com o tema “A vida pede equilíbrio”, a campanha deste ano nos convida a refletir. Como a gente pode viver com mais equilíbrio em todas as nossas relações, inclusive na nossa relação com a gente mesmo? Sem equilíbrio, as coisas desandam. Um dos caminhos para alcançarmos esse equilíbrio é buscar autoconhecimento. Saber o que causa raiva, tristeza, quais são os elementos e situações que nos tiram o equilíbrio são exemplos de práticas de autoconhecimento. Se tivermos uma humanidade mais saudável, tanto física como mentalmente, é certo que teremos uma população com mais saúde emocional e que respeita a diversidade psicológica.

Equipamentos de saúde mental em Osasco: poucos e precários

Na cidade de Osasco, os equipamentos de saúde são divididos em Atenção Básica, Atenção Especializada e Urgência e Emergência. No que se refere à saúde mental, na Atenção Básica, há 10 polos (cada polo é um conjunto de Unidades Básicas de Saúde de cada região). Nas UBS, você encontra profissionais de saúde que encaminham para as especialidades.

A Atenção Especializada oferece serviços para acompanhamento de casos severos, que persistem e que necessitam de cuidados intensivos ou semi-intensivos. Ela é composta na Saúde Mental por:

CAPS Adulto (Jd. das Flores); CAPS Álcool e Drogas (Piratininga) e CAPS Infanto-juvenil (Centro).

Para atendimento de urgência e emergência, há apenas um equipamento: o Pronto Socorro André Sacco (Pestana).

Com uma população de 777 mil pessoas, Osasco clama por mais equipamentos de saúde mental! Por exemplo: se uma pessoa que mora no Jd. Conceição tem problemas com álcool e drogas, ela precisa ir ao CAPS-AD do Jd. Piratininga, pelo menos, duas vezes por semana, com acompanhante, o que demanda mais de 300 reais por mês para que ela possa ter sua necessidade de tratamento atendida. Ou seja, muitas vezes, ela desiste antes mesmo de começar.

Para além disso, como buscar autoconhecimento se não há comida no prato, se falta moradia e o acesso aos serviços de saúde é difícil? Não é possível olhar para si com fome, sem casa e sem serviços básicos de saúde e educação. Não há quem tenha paz, capacidade de foco e organização sem ter onde morar ou o que comer. Temos aqui na cidade muitas pessoas que desistiram do tratamento e até mesmo da vida por conta do descaso com a saúde mental. Há na cidade inúmeras pessoas em situação de rua com necessidade de atendimento em saúde mental sem os devidos cuidados, sem o tratamento devido. E tudo isso é muito desrespeitoso com os direitos humanos. É inaceitável que a cidade com o 7º maior PIB do país tenha este descaso com a população!

A AtivOz acompanha o Conselho Gestor Ampliado dos CAPS desde 2021 e se faz presente com frequência nesses equipamentos. Fizemos levantamentos que apontaram falta de profissionais, necessidade de reformas, de manutenção de calhas, falta de sinalização adequada, entre outros problemas, e pedimos providências ao executivo. Infelizmente, o retorno ainda não aconteceu.

Participação popular Para a população, a participação em Conferências Municipais é fundamental, pois são delas que surgem as políticas públicas. Trata-se de um dos raros momentos em que ocorre um diálogo efetivo com a população, e assim é possível construir políticas públicas a partir da escuta dos usuários. E você? Como estão seus cuidados com a saúde mental? Você precisou utilizar esses equipamentos públicos de saúde em Osasco? Como foi o atendimento?