Caso de assédio na ETEC André Bogasian expõe rotina de violência

Estudantes se rebelaram contra vários casos de assédio por parte de professores na instituição

8 ago 2022, 13:57 Tempo de leitura: 2 minutos, 20 segundos
Caso de assédio na ETEC André Bogasian expõe rotina de violência

Quinta-feira. 4 de agosto. Dia comum de aulas na ETEC professor André Bogasian, no bairro do Bonfim, em Osasco. Uma aluna de 15 anos usa uma calça jeans com alguns rasgos, tal qual os jovens da sua idade. Conversando com as amigas no corredor da escola, um professor se aproxima, coloca a mão na perna dela, enfia o dedo num dos rasgos da calça, rasga mais e faz um comentário constrangedor, chamando a aluna para acompanhá-lo a outro local para ele “dar um jeito na calça rasgada”. Rapidamente, a estudante e as colegas que presenciaram a cena procuram o diretor da escola, Miguel Rodrigues Del Barco, que não se comunicou com os pais da estudante, nem chamou o professor para conversar sobre a denúncia. Mais do que isso: disse para a estudante que ficaria a critério dela contar aos pais ou não. Óbvio que ela contou. O episódio de assédio circulou rapidamente entre os alunos da instituição pública: um grupo com cerca de trezentas alunas foi formado no aplicativo WhatsApp, outros casos foram sendo relatados pelas participantes – envolvendo estes e outros professores da escola –, e foi agendada uma manifestação para o dia seguinte, às 13h, na ETEC. A vereadora Juliana Curvelo, da mandata AtivOz, foi comunicada pelo pai da aluna e se colocou à disposição para acompanhar o caso e conversar com diretor, alunos e professores.

Sexta-feira. 5 de agosto. Manhã. O pai da aluna lavra um Boletim de Ocorrência. Às 13 horas, os alunos saem das salas de aula e se concentram no pátio da escola, portando cartazes e gritando palavras de ordem, citando, inclusive, nomes de professores assediadores e pedindo a saída deles. A vereadora Juliana da AtivOz chega, acompanhada das covereadoras Karina Correia, Angela Bigardi e Deise Oliveira. O diretor permite a entrada da comissão, que conversa com os alunos e ouve vários relatos de assédio naquela unidade de ensino. Em reunião com o diretor Del Barco, a vereadora Juliana cobra providências, notadamente, questionando se, em face do ocorrido, o professor já havia sido afastado das suas funções. O diretor é evasivo em suas respostas, não confirma o afastamento do professor e repete que o caso já está em instâncias superiores do Centro Paula Souza.

A mobilização dos estudantes da ETEC professor André Bogasian é um pedido de socorro de muitas jovens que sofrem assédio daqueles que deveriam protegê-las. Em contato com os mandatos da deputada estadual Mônica Seixas e da deputada federal Sâmia Bomfim, foram tomadas providências: o mandato estadual oficiou o Centro Paula Souza, solicitando providências sobre o caso. A mandata AtivOz retornará à ETEC para acompanhar os desdobramentos e conferir se o docente realmente foi afastado.