Bolsonaro fica inelegível até 2030 porque o peixe morre pela boca, é fato

Apesar de afirmar que sempre “jogou dentro das quatro linhas”, Bolsonaro foi condenado pelo TSE e, a depender dos inúmeros inquéritos que o investigam, deverá passar um tempo morgando dentro de uma cela, entre as quatro paredes.

3 jul 2023, 11:32 Tempo de leitura: 5 minutos, 24 segundos
Bolsonaro fica inelegível até 2030 porque o peixe morre pela boca, é fato

Ninguém tem dúvidas de que Bolsonaro sempre falou muita bobagem, desde que se elegeu vereador no Rio de Janeiro e, depois, só foi aprimorando suas falas violentas, pró-tortura, homofóbicas e racistas durante os vários mandatos como deputado federal, mas tinha pouco palco. No entanto, ao ser eleito presidente, em 2018, seu discurso foi naturalmente amplificado. E aí, em vez de moderar o palavrório, segurando a língua como fazem os chefes de Estado, resolveu afiá-la ainda mais, inserindo no seu repertório, além das bobagens de costume, teorias da conspiração sobre urnas eletrônicas, ataques ao sistema eleitoral e aos ministros do Supremo Tribunal Federal, e ameaças golpistas.
Foi o que ele fez em julho de 2022, quando recebeu, no Palácio da Alvorada, setenta embaixadores para ouvi-lo atacar o sistema de votação eletrônico brasileiro. Detalhe: No Brasil, nunca houve registro de fraude nas urnas eletrônicas, em uso desde 1996. No mês seguinte, o PDT propôs ação judicial no Superior Tribunal Eleitoral (STE), alegando que o discurso de Bolsonaro aos embaixadores, transmitido ao vivo pela TV Brasil, teve finalidade eleitoral, já que o então presidente atribuiu – sem provas – vulnerabilidade ao sistema eleitoral brasileiro. Esse foi o motivo da ação de abuso de poder político. Além disso, ele é acusado de uso indevido dos meios de comunicação, porque se valeu das redes sociais para veicular os ataques ao sistema eleitoral. Por fim, pesa sobre ele acusação de uso indevido de aparelho do Estado, já que a fatídica reunião aconteceu no Palácio do Alvorada e foi transmitida por emissora estatal.
Bem, em janeiro deste ano, para piorar a situação do falastrão, a PF fez uma busca na casa do ex-ministro da Justiça Anderson Torres, e encontrou um rascunho de decreto para instaurar estado de defesa na sede do TSE caso Bolsonaro fosse derrotado por Lula nas eleições. E aí, o que era discurso golpista virou ação, e a minuta do decreto foi incluída no processo.
Os crimes de Bolsonaro
Além desse processo, pesam sobre o ex-presidente várias outras acusações que ainda estão na fase de inquérito:

  • Foi incluído na lista de investigados em inquérito do STF que apura se teve responsabilidade nos atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023;
  • Está sob apuração no Brasil e no Tribunal Penal Internacional (TPI) de Haia eventual responsabilidade de Bolsonaro no genocídio yanomami, pesando sobre ele acusações de omissão à segurança dos povos originários e conivência com o garimpo ilegal em áreas indígenas.
  • No TPI correm mais denúncias contra Bolsonaro: crime contra a humanidade por gestão irresponsável na pandemia de covid-19, por contrariar determinações da OMS e adotar postura negacionista, que aumentou o número de mortes na pandemia; e responsabilidade pelo aumento do desmatamento da Amazônia, elevação de CO2 no planeta e aumento do número de incêndios na floresta.
  • No STF, é investigado por associação falsa entre a vacina contra a covid-19 e o risco de contrair vírus da aids, e por vínculo com organizações para difusão de fake news sobre o processo eleitoral.
  • Na Polícia Federal, está sendo investigado por falsidade ideológica, uso de documento falso e corrupção de menor. Tudo isso porque supostamente fraudou o cartão de vacinação contra a covid-19 para entrar nos Estados Unidos.

Bolsonaro em frases
“O erro da ditadura foi torturar e não matar”

“Pela memória do coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, o pavor de Dilma Roussef […] o meu voto é sim”

“Essa turma, se quiser ficar aqui, vai ter que se colocar sob a lei de todos nós. Ou vão para fora ou vão para a cadeia. Esses marginais vermelhos serão banidos de nossa pátria”

“Eu jamais ia estuprar você porque você não merece”

“Por isso o cara paga menos para a mulher (porque ela engravida)”

“[O policial] entra, resolve o problema e, se matar 10, 15 ou 20, com 10 ou 30 tiros cada um, ele tem que ser condecorado, e não processado”

“Somos um país cristão. Não existe essa historinha de Estado laico, não. O Estado é cristão. Vamos fazer o Brasil para as maiorias. As minorias têm que se curvar às maiorias. As minorias se adequam ou simplesmente desaparecem”

“Para mim é a morte. Digo mais: prefiro que morra num acidente do que apareça com um bigodudo por aí. Para mim ele vai ter morrido mesmo”

“O filho começa a ficar assim meio gayzinho, leva um couro, ele muda o comportamento dele. Tá certo?”

“90% desses meninos adotados [por um casal gay] vão ser homossexuais e vão ser garotos de programa com toda certeza”

“Não existe homofobia no Brasil. A maioria dos que morrem, 90% dos homossexuais que morrem, morre em locais de consumo de drogas, em local de prostituição, ou executado pelo próprio parceiro”

“Fui num quilombola [sic] em Eldorado Paulista. O afrodescendente mais leve lá pesava sete arrobas. Não fazem nada! Acho que nem para procriadores servem mais”

“Quem usa cota, no meu entender, está assinando embaixo que é incompetente. Eu não entraria num avião pilotado por um cotista. Nem aceitaria ser operado por um médico cotista”

“Isso não pode continuar existindo. Tudo é coitadismo. Coitado do negro, coitado da mulher, coitado do gay, coitado do nordestino, coitado do piauiense. Vamos acabar com isso”

“Muitas [vítimas] tinham alguma comorbidade, então a Covid apenas encurtou a vida delas por alguns dias ou algumas semanas”

“Sabe qual a minha resposta? Caguei. Caguei para a CPI, não vou responder nada!”

“Como eu estava solteiro na época, esse dinheiro do auxílio-moradia eu usava para comer gente”

“Quando se fala em menor vagabundo, você tem que ter uma política para aprisionar esses caras, e não defender esses marginais como se fossem excluídos da sociedade, e não são. São vagabundos, que devem ter o tratamento adequado”

“Sou a favor da política de tolerância zero”

“E daí? Lamento. Quer que eu faça o quê?” (sobre mortes na pandemia)

“Apenas a diplomacia não dá! Quando acabar a saliva, tem que ter pólvora!”

“Eu sou independente e tenho liberdade para falar o que eu quiser”