Conferência Municipal de Saúde Mental – Relato
Janeiro Branco e Conferência Municipal marcam início do ano
3 fev 2022, 10:42 Tempo de leitura: 3 minutos, 51 segundosOs fenômenos externos, como a própria covid-19, tem tornado cada vez mais difícil enfrentar com equilíbrio as mudanças da vida cotidiana, o que afeta a nossa saúde mental. De toda maneira, é bom lembrar que você não está sozinha/o/e.
Como em janeiro as pessoas estão mais reflexivas sobre as suas vidas e ações, o chamado “Janeiro branco” é uma campanha de conscientização cujo objetivo é chamar a atenção para as questões e necessidades relacionadas à Saúde Mental e Emocional. A cor branca da campanha “Janeiro branco” é escolhida como símbolo de uma nova chance de contar a própria história, além de criar espaços abertos de conversas e qualidade de vida psico-emocional.
A forma como o capitalismo se apropria das relações de trabalho, sendo cada vez mais exploratória e com reduções de direitos, tem sido sem dúvida um dos motivos do aumento do sofrimento psicoemocional e esgotamento, razão pela qual falar de saúde mental é falar de bem estar social e políticas públicas. Afinal, tem como estar com a saúde mental em dia se não há onde dormir, morar, comer e trabalhar?
De toda forma, uma política pública efetiva para a saúde mental deve ser pensada conjuntamente com outras áreas, ou seja, para além dos serviços médicos, a assistência social, a psicológica, terapia ocupacional bem como estímulos que acionem o cognitivo e o lazer.
Atividades manuais ajudam a termos uma mente mais presente e, com isso, ativarmos o cérebro, e assim melhoramos o desenvolvimento de habilidades motoras, criatividade, relaxamento, coordenação, autoconfiança e na autoestima.
O contato com a terra nos permite liberar hormônios do afeto e do prazer, trabalhando como estimulantes para o sistema cognitivo, além de melhorar o sistema imunológico. Atividades como andar de pés descalços, semear com as próprias mãos e sentir o cheirinho da terra molhada são algumas dessas ações. Além disso, compreender o tempo da germinação e o florescimento é um exercício ótimo para nossa Saúde Mental.
Em relação ao artesanato, também pode reduzir o risco de declínios cognitivos na memória, de acordo com a revista Neurology. Os pesquisadores apontam que pessoas que realizam qualquer atividade artística são 73% menos propensas a desenvolver o problema durante o processo de envelhecimento.
Atividades manuais por exigir um alto nível de concentração, são importantes para nos ajudar com a nossa saúde mental, trazendo o foco apenas para o presente. Além de desenvolver o nosso potencial criativo, o artesanato alivia o estresse, diminui a ansiedade e traz a sensação de bem estar, melhora as conexões sociais; aumenta a concentração e promove o desenvolvimento da coordenação e habilidades.
Durante nossa presença na II Conferência Municipal de Saúde Mental de Osasco tivemos contato com usuários do CAPS que utilizam o trabalho manual como parte do tratamento, porém existe falta de materiais para oficinas e não acontecem parcerias antes tão valiosas como já aconteceu anteriormente com o movimento de Economia Solidária (que dá oficinas e formações) da cidade. Inclusive estamos em contato com as pessoas responsáveis por isso para que seja dada a atenção merecida a tais atividades.
O debate sobre saúde mental é mais que necessário para quebrar tabus e preconceitos, especialmente sobre os tratamentos psíquicos. Isso estimula que as políticas públicas sejam pensadas de forma adequada e as soluções venham pensadas no sujeito e não nos interesses da iniciativa privada com discussões restritas a internações.
Além disso, como dedicamos grande parte do tempo de nossas vidas ao nosso trabalho é fundamental que o lugar seja prazeroso e satisfatório com o compromisso dos diretores/superiores das instituições em relação ao bem-estar do trabalhador. Casos de Assédio Moral têm sido cada vez mais comuns para com trabalhadores, o que pode inclusive gerar adoecimentos. Importante que pessoas que sofrem Assédio no ambiente de trabalho denunciem.
É crucial falarmos de saúde mental para se quebrar o estigma social existente em relação as pessoas que estão em sofrimento psico-emocional, as quais possuem diagnósticos de transtorno ou doença mental, inclusive para combater a ideia de que essas pessoas precisam ficar isoladas, encarceradas ou afastadas do convívio social.
Deise Oliveira – co-vereadora da AtivOz