Pelo fim da jornada 6X1, para que se tenha um sopro de vida além da exploração
Toda vez que você interage com algum atendente, de qualquer serviço, está diante de um trabalhador explorado pelo sistema 6X1, que lhe garante apenas um dia de folga diante de seis outros trabalhados, não importa se é fim de semana ou feriado.
8 maio 2024, 14:19 Tempo de leitura: 2 minutos, 6 segundospor Paula Veneroso
Jovens extenuados e fora da escola, futuro incerto e desesperança. Essa é a realidade da maioria dos trabalhadores brasileiros, em sua maioria jovens, pretos e moradores das periferias, os quais, quando empregados, invariavelmente cumprem a jornada 6X1, seja em trabalhos presenciais ou em teletrabalho.
A terceirização e a flexibilização da economia, aliadas às taxas de desemprego e ao enfraquecimento dos sindicatos, foram alguns dos fatores que contribuíram para a precarização dos postos de trabalho e o consequente crescimento da jornada 6X1, que gradativamente foi normalizada, não somente no comércio e no setor de serviços, mas também acabou se tornando a única opção para atendentes de telemarketing de qualquer área. Para essas pessoas, não há vida além do trabalho.
Inconformado com tal situação, o trabalhador Ricardo Azevedo deu início ao movimento VAT, Vida Além do Trabalho, quando postou um vídeo em suas redes sociais expressando a sua indignação com a escala 6X1. Era setembro de 2023 e vídeo viralizou, fazendo com que a campanha pelo fim da escala 6X1 ganhasse as redes e as ruas.
O movimento VAT gerou uma petição pública dirigida ao Congresso Nacional, reivindicando a revisão da CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) com o objetivo de que as pessoas possam equilibrar a vida profissional e os afazeres da vida pessoal, por políticas de proteção ao trabalhador, férias regulares, licença parental e limitação de horas-extras. Além disso, cobra-se fiscalização rigorosa para garantir o cumprimento das novas regulações trabalhistas e a punição a empresas que desrespeitarem os direitos dos trabalhadores.
Em poucos meses, a petição conseguiu quase 1 milhão de assinaturas, e o apoio de políticos como os deputados federais Glauber Braga (PSOL-RJ) e Erika Hilton (PSOL-SP), que, inclusive divulgou, no dia 1º de Maio, o protocolo de uma PEC (Proposta de Emenda Constitucional) pelo fim da jornada 6X1.
É assustador que, em pleno século XXI, os trabalhadores tenham de se mobilizar por direitos já garantidos, mas que vêm retrocedendo a passos largos em razão do liberalismo. A precarização do trabalho, reforçada por violências como a jornada 6X1 é mais um exemplo de que o capitalismo é um dos sistemas econômicos mais opressores da história, que só se mantém pela superexploração da força de trabalho. Ao se retirar o trabalhador da equação capitalista, o sistema entra em colapso.