Campanha salarial dos servidores de Osasco
Liderança sindical não deveria ter medo de trabalhador
8 abr 2024, 16:23 Tempo de leitura: 2 minutos, 44 segundospor Rafael Borguin
Eis mais um ano em que os servidores públicos não recebem o aumento salarial condizente com o trabalho que desempenham na cidade. Os 4,62% apresentados pela prefeitura ficam particularmente ofensivos se comparados com o aumento de 33% no salário do Rogério Lins e os 65% a mais no bolso dos vereadores. Mas isso não é inesperado, sabemos que na luta por salário e melhores condições de trabalho nem sempre é possível vencer o patrão, ainda mais no caso de Osasco, onde o prefeito Rogério Lins é insensível a questões sociais e baseia sua gestão no marketing e nas redes sociais. O que causa repulsa é a forma lamentável como a representação sindical oficial conduziu mais uma vez esse processo.
Sindicato poupa prefeito, mas se revolta com trabalhadores que querem lutar
Não é fácil ser sindicalista, muitas vezes más decisões podem levar a prejuízos que adquirem enorme relevância na vida dos trabalhadores. No entanto, as decisões não precisam ser tomadas apenas por uma pessoa ou por poucos dirigentes sindicais. As reuniões de base, assembleias e manifestações transformam o sindicato em uma entidade viva, capaz de fazer milhares de pessoas avançarem na compreensão e construírem juntas caminhos para vitórias e, quando for o caso, estratégias para minimizar derrotas.
O Sintrasp, infelizmente, aposta no caminho oposto – marca assembleias relâmpago com duração de minutos, desmarca de forma unilateral manifestação aprovada em assembleia, hostiliza grupos e trabalhadores que têm disposição de luta e opta por um modelo de sindicato esvaziado e burocratizado. O dirigente que começa a se sentir mais à vontade com o prefeito e seus assessores do que nos locais de trabalho e na assembleia da categoria acaba sofrendo uma transformação total – deixa de ser uma liderança dos trabalhadores e se transmuta em um representante dos interesses dos patrões entre os trabalhadores. Uma diretoria sindical que opta por fechar uma campanha salarial em uma assembleia online com inscrição obrigatória prévia e sem controle democrático está seguindo este caminho.
Quem são os grupelhos oportunistas e onde fica o palanque político?
Ato contínuo ao esvaziamento do sindicato como instrumento de aprendizado e luta da classe, é preciso desmoralizar qualquer liderança ou grupo que tenha coragem de apontar os erros dos dirigentes sindicais à frente da categoria. O discurso é sempre o mesmo, se apoiam em um senso comum antipolítica para impedir que qualquer ativista ou coletivo se destaque e vire eventualmente um risco para os privilégios da burocracia sindical. E fazem isso enquanto esvaziam o sentido do sindicato como entidade plural e aberta – não seria aí o grupelho oportunista agindo? E, quando fazem de tudo para poupar o prefeito, não são eles quem subiram em um palanque político? E justamente no palanque do patrão!
Os servidores de Osasco só vão obter vitórias expressivas e permanentes quando construírem lutas a partir de cada local de trabalho, com lideranças legítimas e sem preconceito com apoios de outros setores da sociedade. Quando isso acontecer, perceberão a própria força e nada ficará no caminho.