A vingança da polícia paulista é o fuzilamento
O que as chacinas do Guarujá e Osasco tem em comum?
2 ago 2023, 14:22 Tempo de leitura: 2 minutos, 6 segundostexto por Paula Veneroso
Os últimos quatro dias de julho ficaram marcados por um dos maiores massacres que a população do Guarujá já presenciou. Para vingar a morte de um agente da Rota, a Polícia Militar do Tarcísio de Freitas montou uma operação de morte. Chamada de “Escudo”, a suposta ação de segurança e combate a drogas durou quatro dias e promoveu uma carnificina na cidade litorânea paulista – as mortes chegam a 19, entre execuções sumárias e torturas seguidas de fuzilamento.
“Não é possível que o bandido, que o crime, possa agredir um policial e sair impunemente”, disse o governador, no dia 31 de julho.
Para conter a tal impunidade, ele destacou agentes de quinze batalhões de operações especiais do estado: além de pelotões do Choque e do efetivo local, Tarcísio enviou três mil PMs. Uma comunidade pobre da cidade foi invadida por 600 policiais. Com capuzes escondendo os rostos, forjaram flagrantes e executaram a rodo. E o governador disse que ficou bastante satisfeito com a operação, que vai durar um mês.
Chacina de Osasco: a maior de SP
Diante dessa atrocidade, é impossível não vir à memória aquela que ficou conhecida como a maior chacina da história do estado de São Paulo: a de Osasco, no dia 13 de agosto de 2015. Naquela noite, outro ato de retaliação deixou, em apenas duas horas, 17 mortos nas cidades de Osasco e Barueri. Cinco dias antes, os mesmos policiais haviam assassinado oito pessoas, episódio que acabou sendo conhecido como “pré-chacina”. As 23 pessoas foram executadas por policiais à paisana, usando máscaras para esconder os rostos. A crueldade só perde, em números, para o massacre do Carandiru, que deixou 111 mortos em 1992. Em 2017, três PMs e um guarda civil foram julgados pela chacina de Osasco, e somaram mais de 600 anos de penas. No entanto, em 2021, o Tribunal de Justiça de São Paulo promoveu um novo julgamento para dois deles, que foram absolvidos.
Enquanto a polícia celebrar a morte com o aval dos governantes, carnificinas cujo alvo são pobres, pretos e periféricos continuarão a ocorrer e serão cada vez mais normalizadas numa sociedade que louva bandidos de farda. Cadê as câmeras no uniforme dos agentes policiais?
ATO DE REPÚDIO À CHACINA DO GUARUJÁ
Dia 3 de agosto | 18 horas
Em frente à Secretaria de Segurança Pública de SP
Pelo fim de intervenções policiais por vingança e acerto de contas!